Existe uma expressão muito usada na aviação que é a “Dead Line”, que traduzindo literalmente seria a “linha da morte”, e que significa o ponto sem volta, de onde a única decisão é seguir em frente, pois o retorno não é mais possível. Essa expressão é usada em vôos onde ao passar por determinado ponto da viagem, o combustível não seria mais suficiente para retornar ao ponto de origem, como numa travessia do Oceano Atlântico, e seguir para o destino, que é mais próximo, é a única decisão. Essa expressão também é usada em projetos e outras atividades onde se usa o planejamento, que numa gestão pública é primordial.
Pois bem, o comércio de algumas cidades, e principalmente da nossa região cacaueira, está chegando a uma “dead line”, ou melhor, já chegou, pois estamos em um ponto onde não será mais possível retornar e até a viagem em frente pode não ser mais possível.
As empresas já estão no limite, muitas já fecharam e as que ainda resistem estão tentando tirar “leite de pedra”, sacrificando suas reservas e com um futuro incerto pela frente, inclusive de sua sobrevivência.
Os empregos já estão sendo perdidos, aos milhares, e os postos de trabalho não serão mais recuperados. A realidade é dura e o poder público parece não entender disso, pois as decisões vêm de quem tem garantidos seus proventos no final do mês. Não temos todos a mesma sorte. Como já foi dito, estamos na mesma tempestade, mas em barcos diferentes.
O sul baiano é um polo agrícola, com muita força comercial e nos serviços, com milhares de empregos e famílias que dependem dessa nossa vocação, vinda no sangue dos pioneiros sergipanos e dos libaneses que aqui aportaram.
Mas a vida é dura e a mudança de vocação da cidade pode ser inevitável, pois os comerciantes poderão não mais existir por aqui, quando tudo isso passar. Ficar em casa nesse momento, pode ser uma decisão inevitável para quem não poderá ter mais o local para abrir, para quem não terá o lugar para onde retornar para ganhar o pão. Outras cidades poderão roubar o título de cidade polo da região, é a roda da fortuna girando com mãos fortes moldando seu destino e beneficiando poucos em detrimento de muitos.
Há grande incoerência nas decisões. Comércios onde não há aglomeração de pessoas, como lojas de roupas, perfumes, concessionárias de motos e automóveis estão fechados, mas locais onde sempre há um fluxo constante de gente, como mercados e farmácias estão abertos, assim como bancos e lotéricas. Será que são imunes ao vírus?
Pois caminhamos para ser uma cidade de mercados, lotéricas, farmácias e bancos, mas esses, com certeza serão poucos, pois o dinheiro para justificar sua presença não mais haverá por aqui.
Dias melhores só poderão vir, com decisões construtivas e com um planejamento correto para a cidade. E estamos dispostos e prontos para ajudar nisso. A hora é agora. Ou não haverá o depois.
Texto adaptado de Afonso Dantas.